segunda-feira, 25 de março de 2013

FAMIGERADO


    FOI DE INCERTA FEITA - O EVENTO. QUEM PODE ESPERAR coisa tão sem pés nem cabeça? Eu estava em casa, o arraial sendo de todo tranquilo. Parou-me à porta o tropel. Cheguei a janela.
       Um grupo de cavaleiros. Isto é, vendo melhor: um cavaleiro rente, frente à minha porta, equiparado, exato; e, embolados, de banda de três homens a cavalo. Tudo, num relance, insolitíssimo. Tomei-me nos nervos. O cavaleiro esse - o oh-homem-oh -com cara de nenhum amigo(...)

     -"Eu vim perguntar a vosmecê uma opinião sua explicada..."(...)
     -"Vosmecê é que não me conhece. Damázio, dos Siqueiras... Estou vindo da Serra..."
           Sobressalto. Damázio, quem dele não ouvira? O feroz de estórias de léguas, com dezenas de carregadas mortes, homem perigosíssimo. (...)
     -"Saiba vosmecê que, na Serra, por o ultimamente, se compareceu um homem do Governo, rapaz meio           estrondoso... Sabia que estou com ele à revelia... Cá eu não quero questão com o Governo, não estou em saúde nem idade... O rapaz, muitos acham que eles é de seu tanto esmiolado..." (...)
      -"Vosmecê agora me faça a boa obra de querer me ensinar o que é mesmo que é: fasmigerado...faz-me-gerado...falmigerado...familhas-gerado...?"
       (...) E já aí outro susto vertiginoso suspendia-me: alguém podia ter feito intriga, invencionice de atribuir-me a palavra de ofensa àquele homem; que muito, pois, que aqui ele a famanasse, vindo  para exigir-me, rosto a rosto, o fatal, a vexatória satisfação?
        -"Saiba vosmecê que saí ind`hoje da Serra, que vim, sem parar, essas seis léguas, expresso direto pra mor de lhe perguntar a pergunta, pelo claro..."
        -"Lá, e por estes meios de caminho, tem nenhum ninguém ciente, nem têm o legítimo-o livro aprende as  palavras...É gente pra informação torta, por se fingirem de menos ignorâncias... Só se o padre, no São Ão, capaz, mas com padres não me dou: eles logo engabelam... A bem. Agora, se me faz mercê, vosmecê me fale, no pau de peroba, no aperfeiçoado: o que é que é, o que já lhe perguntei?"
         Se simples. Se digo. Transfoi-se-me. Esse trizes.
        -Famigerado?
        -"Sim senhor" (...) Como por socorro, espiei os três outros, em seus cavalos, intugidos até então, mumumudos. Mas, Damázio: 
           -"Vosmecê declare. Estes aí não são de nada não. São da Serra. Só vieram comigo, pra testemunho..."
                  Só tinha que desentalar-me. O homem queria escrito o caroço: o verivérbio.
                  - Famigerado é inóxio, é "célebre", "notório", "notável"...
                  -  "Vosmecê mal não veja em  minha grossaria no não entender. Mas, me diga: é desaforado? É caçoável? É de arrenegar? Farsância? Nome de ofensa?"
                  - Vilta nenhuma, nenhum doesto. São expressões neutras, de outros usos...
                  -"Pois... e o que é que é, em fala de pobre, linguagem de em dia-de-semana?'
                  - Famigerado? Bem. É: "importante", que merece louvor, respeito...
                  -"Vosmecê agarante, pra paz das mães, mão na Escritura"?
                   Se certo! Era para se empenhar a barba. Do que o diabo, então eu sincero disse:
                   -Olhe: eu como o sr. me vê, com vantagens, hum, o que eu queria uma hora destas era ser famigerado- bem famigerado, o mais que pudesse!...
                       -"Ah, bem!..." soltou, exultante.
                        Saltando na sela, ele se levantou de molas. Subiu em si, desagrava-se, num desaforéu. Sorriu-se, outro. Satisfez aqueles três: -"Vocês podem ir, compadres. Vocês escutaram bem a boa descrição..." e eles prestes se partiram. (...) Disse: -"Não há como que as grandezas machas duma pessoa instruída!" (...) -"Sei lá, às vezes o melhor mesmo, para esse moço do Governo, era ir-se embora, sei não..." Mas mais sorriu, apagara-se-lhe a inquietação. Disse: -"A gente tem cada cisma de dúvida boba, dessas desconfianças... Só pra azedar a mandioca..." Agradeceu, quis me apertar a mão. Outra vez, aceitaria de entrar na minha casa. Oh, pois. Esporou, foi-se, o alazão, não pensava no que o trouxera, tese para alto rir e mais, o famoso assunto.

 ROSA , João Guimarães. Famigerado   (Retirado do livro Primeiras  estórias. pags. 55 a 59. Rio de janeiro: Ediouro , 2011.)

segunda-feira, 18 de março de 2013

"CANTANDO VINÍCIUS"

ALÔ, ALUNOS!
       


    Já selecionamos as músicas do II Festival de Inverno, "Cantando Vinícius". Estamos esperando a sua inscrição. Procure-nos e garanta desde já a sua participação!

terça-feira, 12 de março de 2013


OLÁ, ALUNOS!

      Vocês já acessaram o Educopédia? Vocês encontrarão aulas de todas as disciplinas. É uma ótima maneira de reforçarem os estudos. As atividades incluem vídeos, animações, imagens, textos e jogos. 
     acesse o link para visitar o site:  http://www.educopedia.com.br/

    Aproveitem e  visitem a Educoteca "a biblioteca turbinada do Educopédia" Destaque para o livro "vinte mil léguas submarinas" de Júlio Verner (em áudio)
Sinopse: "Em 1866, quando navios de diversas partes do mundo começaram a naufragar e sofrer misteriosas avarias, governantes e homens de ciência mobilizaram-se para identificar, localizar e deter o misterioso monstro marinho responsável por tais ataques. Mas a missão não correu conforme os planos, e a besta desconhecida destroçou a fragata que fora em sua captura. Lançados ao mar, o professor Aronnax, o fiel Conselho e o exímio arpoador Ned Land foram resgatados e feitos prisioneiros pelo enigmático capitão Nemo, dono, líder e principal habitante do prodigioso submarino Náutilus. Navegando águas remotas dos oceanos e lançando-se em ousadas caminhadas submarinas, esses homens desbravarão a vida por um ângulo inteiramente novo, descobrindo a exuberância da flora e da fauna marinhas e experimentando emoções conflituosas, numa viagem vinte mil léguas sob os mares."

http://www.educopedia.com.br/Educoteca2/Slider/tv_05_vinte-mil.jpg

vocês viram?

segunda-feira, 11 de março de 2013

Olá!

Estamos postando o cardápio do 1º bimestre de 2013.

"A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde"
Andre Maurois




1.  A ARCA DE NOÉ
Autor: Vinicius de Moraes
Localização: Cx 03

2.  MANUELZÃO E MIGUILIM
Autor: João Guimarães Rosa
Localização: E1P1

3.  ESCOLHA O SEU SONHO
Autor: Cecilia Meireles
Localização: Cx 65

4.  MOHAMED: UM MENINO AFEGÃO
Autor: Fernando Vaz
Localização: Cx 28
  
5.  O CAVALINHO AZUL E OUTRAS PEÇAS
Autor: Maria Clara Machado
Localização: Cx 29B

6.  FEIOS
Autor: Scott Westerfeld
Localização: E4P2

7.  O MENINO DO PIJAMA LISTRADO
Autor: John Boyne
Localização: E4P2

8.  CONTOS DE APRENDIZ
Autor: Carlos Drummond de Andrade
Localização: E1P2

9.  VIDAS SECAS
Autor: Graciliano Ramos
Localização: E1P3
  
10.HISTÓRIAS EXTRAORDINÁRIAS
Autor: Edgar Allan Poe
Localização: Cx 57

11.MOBY DICK
Autor: Herman Melville
Localização: Cx 58

12. VIDA E PAIXÃO DE PANDONAR, O CRUEL
Autor: João Ubaldo Ribeiro
Localização: Cx 08

13. DINHEIRO DO CÉU
Autor: Marcos Rey
Localização: Cx 38

14. CLARISSA
Autor: Erico Verissimo
Localização: E1P2
  
16.  A FILHA DA VENDEDORA DE CRISÂNTEMOS
Autor: Stella Maris Rezende
Localização: Cx 8

17. O AGITO DE PILAR NO EGITO
Autor: Flávia Lins e Silva
Localização: Cx 41

18. MINHA TIA ME CONTOU
Autor: Marina Colsanti
Localização: Cx 62

19. MATILDA
Autor: Roald Dahl
Localização: Cx 62

20. 0 JARDIM SECRETO
        Autor: Frances Hodgson Burnett
        Localização: Cx 62

Boa Leitura!

sexta-feira, 8 de março de 2013

Projeto "Ciranda dos Livros"




Boa Tarde, Alunos!

Um dos projetos da Sala de Leitura este ano é a "Ciranda dos Livros". Você poderá usar esse espaço para sugerir um livro que você gostou. Coloque o nome do livro, autor e comente a história.
Os usuários da SL que aceitarem a sua sugestão, terão que comentar o livro após lê-lo.Ajudando a divulgar e difundir sua indicação. Aquele que receber o maior número de postagens ganhará o certificado de "LEITOR ANTENADO", UM PASSEIO CULTURAL e um LIVRO. PARTICIPE!

DIA INTERNACIONAL DA MULHER



No dia Internacional da Mulher, um destaque especial a grande poetisa brasileira Cecília  Meireles, homenageada da nossa Sala de Leitura.

 "Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta."


Vamos conhecê-la melhor?

Filha de Carlos Alberto de Carvalho Meireles, funcionário do Banco do Brasil S.A., e de D. Matilde Benevides Meireles, professora de escola municipalCecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu em 7 de novembro de 1901, na Tijuca, Rio de Janeiro. Foi a única sobrevivente dos quatros filhos do casal. O pai faleceu três meses antes do seu nascimento, e sua mãe quando ainda não tinha três anos. Criou-a, a partir de então, sua avó D. Jacinta Garcia Benevides.
Conclui seus primeiros estudos — curso primário — em 1910, na Escola Estácio de Sá, ocasião em que recebe de Olavo Bilac, Inspetor Escolar do Rio de Janeiro, medalha de ouro por ter feito todo o curso com "distinção e louvor". Diplomando-se no Curso Normal do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, em 1917, passa a exercer o magistério primário em escolas oficiais do antigo Distrito Federal.

Dois anos depois, em 1919, publica seu primeiro livro de poesias, "Espectro". Seguiram-se "Nunca mais... e Poema dos Poemas", em 1923, e "Baladas para El-Rei, em 1925.

Casa-se, em 1922, com o pintor português Fernando Correia Dias, com quem tem três filhas:  Maria Elvira, Maria Mathilde e Maria Fernanda, esta última artista teatral consagrada. Suas filhas lhe dão cinco netos.

Publica, em Lisboa - Portugal, o ensaio "O Espírito Vitorioso", uma apologia do Simbolismo.

Correia Dias suicida-se em 1935. Cecília casa-se, em 1940,  com o professor e engenheiro agrônomo Heitor Vinícius da Silveira Grilo.

De 1930 a 1931, mantém no Diário de Notícias uma página diária sobre problemas de educação.

Em 1934, organiza a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro, ao dirigir o Centro Infantil, que funcionou durante quatro anos no antigo Pavilhão Mourisco, no bairro de Botafogo.

Profere, em Lisboa e Coimbra - Portugal, conferências sobre Literatura Brasileira.

De 1935 a 1938, leciona Literatura Luso-Brasileira e de Técnica e Crítica Literária, na Universidade do Distrito Federal (hoje UFRJ).

Publica, em Lisboa - Portugal, o ensaio "Batuque, Samba e Macumba", com ilustrações de sua autoria.

Colabora ainda ativamente, de 1936 a 1938, no jornal A Manhã e na revista Observador Econômico.

A concessão do Prêmio de Poesia Olavo Bilac, pela Academia Brasileira de Letras, ao seu livro Viagem, em 1939, resultou de animados debates, que tornaram manifesta a alta qualidade de sua poesia.

Publica, em 1939/1940, em Lisboa - Portugal, em capítulos, "Olhinhos de Gato" na revista "Ocidente".

Em 1940, leciona Literatura e Cultura Brasileira na Universidade do Texas (USA).

Em 1942, torna-se sócia honorária do Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro (RJ).

Aposenta-se em 1951 como diretora de escola, porém continua a trabalhar, como produtora e redatora de programas culturais, na Rádio Ministério da Educação, no Rio de Janeiro (RJ).

Em 1952, torna-se Oficial da Ordem de Mérito do Chile, honraria concedida pelo país vizinho. 

Realiza numerosas viagens aos Estados Unidos, à Europa, à Ásia e à África, fazendo conferências, em diferentes países, sobre Literatura, Educação e Folclore, em cujos estudos se especializou.

Torna-se sócia honorária do Instituto Vasco da Gama, em Goa, Índia, em 1953.

Em Délhi, Índia, no ano de 1953, é agraciada com  o título de Doutora Honoris Causa da Universidade de Délhi.

Recebe o Prêmio de Tradução/Teatro, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte, em 1962.

No ano seguinte, ganha o Prêmio Jabuti de Tradução de Obra Literária, pelo livro "Poemas de Israel", concedido pela Câmara Brasileira do Livro.

Seu nome é dado à Escola Municipal de Primeiro Grau, no bairro de Cangaíba, São Paulo (SP), em 1963.

Falece no Rio de Janeiro a 9 de novembro de 1964, sendo-lhe prestadas grandes homenagens públicas. Seu corpo é velado no Ministério da Educação e Cultura. Recebe, ainda em 1964, o Prêmio Jabuti de Poesia, pelo livro "Solombra", concedido pela Câmara Brasileira do Livro. 

Ainda em 1964, é inaugurada a Biblioteca Cecília Meireles em Valparaiso, Chile.

Em 1965,  é agraciada com o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra, concedido pela Academia Brasileira de Letras. O Governo do então Estado da Guanabara denomina Sala Cecília Meireles o grande salão de concertos e conferências do Largo da Lapa, na cidade do Rio de Janeiro. Em São Paulo (SP), torna-se nome de rua no Jardim Japão.

Em 1974, seu nome é dado a uma Escola Municipal de Educação Infantil, no Jardim Nove de Julho, bairro de São Mateus, em São Paulo (SP).

Uma cédula de cem cruzados novos, com a efígie de Cecília Meireles, é lançada pelo Banco Central do Brasil, no Rio de Janeiro (RJ), em 1989.

Em 1991, o nome da escritora é dado à Biblioteca Infanto-Juvenil no bairro Alto da Lapa, em São Paulo (SP).

O governo federal, por decreto, instituiu o ano de 2001 como "O Ano da Literatura Brasileira", em comemoração ao sesquicentenário de nascimento do escritor Silvio Romero e ao centenário de nascimento de Cecília Meireles, Murilo Mendes e José Lins do Rego.

Há uma rua com o seu nome em São Domingos de Benfica, uma freguesia da cidade de Lisboa. Na cidade de Ponta Delgada, capital do arquipélago dos Açores, há uma avenida com o nome da escritora, que era neta de açorianos.

Traduziu peças teatrais de Federico Garcia Lorca, Rabindranath Tagore, Rainer Rilke e Virginia Wolf.

Sua poesia, traduzida para o espanhol, francês, italiano, inglês, alemão, húngaro, hindu e urdu, e musicada por Alceu Bocchino, Luis Cosme, Letícia Figueiredo, Ênio Freitas, Camargo Guarnieri, Francisco Mingnone, Lamartine Babo, Bacharat, Norman Frazer, Ernest Widma e Fagner.

Fonte: site releituras.com/Cmeireles_bio.asp)

quinta-feira, 7 de março de 2013

Olá, Alunos da Bento!

Acabamos de criar o blog da sala de leitura. Aguardem novidades!